São mais de 200 as espécies de aves que sobrevoam o nosso manguezal, mas talvez nenhuma tenha a exuberância do guará-vermelho.
Sua beleza e a cor reluzente de sua plumagem atraem olhares incrédulos assim como atraíam os índios Tupinambás e Tupiniquins do litoral paulista, no século XVI, que disputavam seus ninhos para confecção de adereços.
O guará pode ser encontrado nas costas dos países da América do Sul e no Brasil sua presença é mais comum em estados do Norte, com grande presença no Amapá; Nordeste, na divisa do Piauí com o Maranhão e no Sudeste, especialmente no litoral de São Paulo e Espírito Santo. No Sul, podem ser encontrados em Santa Catarina e em Guaratuba, no litoral do Paraná (aliás, o nome da cidade é uma referência à ave).
Com o crescimento dos polos industriais, devastando os manguezais da Costa Atlântica, os guarás sofreram um grande declínio populacional no Brasil, principalmente na região Sudeste, e entraram para a lista de aves em processo de extinção. Há alguns anos, com a preocupação das indústrias em atender à legislação ambiental, a vegetação do entorno voltou a crescer e oferecer condições para o retorno dos guarás e de outras populações de animais, incluindo os crustáceos, seu principal alimento.
Com cerca de sessenta centímetros, o guará tem um bico fino, longo e levemente curvado para baixo. O tom vermelho-carmesim de sua plumagem vem da cataxantina, substância derivada do caroteno, encontrada em abundância na casca do caranguejo do qual ele se alimenta.
Neste cenário, ao fundo, os dutos da Usina Henry Borden, fincados na Serra do Mar, levam água para uma das mais antigas hidrelétricas do país. Um marco do desenvolvimento urbano e industrial de São Paulo na primeira metade do século 20, que hoje divide a paisagem com o majestoso guará-vermelho, uma das aves mais belas do mundo e o símbolo da recuperação ambiental de Cubatão.