Olá me chamo Gustavo Pereira, com o @pretodescolado conecto pessoas a culturas oriundas da diáspora*.
Aqui no Portal da Revista Nove falarei sobre cultura preta e empreendedorismo periférico. Muitas iniciativas, sejam elas um produto ou serviço, acontecem em resposta a uma questão estrutural integrada a uma ação de curto ou médio prazo para sanar uma necessidade.
Por exemplo, o Festival ELA, que busca dar visibilidade a mulheres artistas, fazedoras de cultura, idealizadoras e realizadoras de projetos de arte e cultura na Baixada Santista. Reunir pessoas em um mesmo propósito, neste caso, a equidade de gênero, é sempre um motivo de festa.
Produzido por mulheres residentes das periferias da Baixada, o ELA teve sua primeira edição online no segundo final de semana de agosto e reuniu mais de 50 mulheres na produção do evento. Foram mais de 24 horas de workshops sobre empreendedorismo, redes sociais, apresentações de músicas, teatro, cinema e poesia. O protagonismo feminino se justifica pela constante discussão referente ao aumento de números de casos de feminicídio, inclusive durante a pandemia do coronavírus vigente no país.
Eu tive a oportunidade de entrevistar três das djs que estavam no line-up do festival, fazendo uma espécie de esquenta. Elas produzem em paralelo iniciativas de celebração a corpos vivos. As entrevistas estão no meu perfil do instagram e vale a pena ver e ouvir o que elas têm a dizer sobre música, produção e empoderamento feminino.
Durante uma das entrevistas, com a DJ Sal Esaú, perguntei o que ela gostaria de dizer ao mundo se caso não existisse desigualdade. Ela falou sobre compartilhamento de conhecimentos técnicos para periferia que pulsa potencial criativo. Onde uma pessoa tinha a ferramenta, no caso dela, a mesa de discotecagem, e deixava ela se aperfeiçoar e compreender suas capacidades por meio desta rede apoio que se cria por conta da economia criativa.
A periferia é boa em fazer isso: ocupar espaços desativado e dar uma função comunitária. Por isso, eu gostaria que o mundo soubesse de iniciativas incríveis criadas nas periferias para além das estatísticas.
Portanto gostaria de agradecer aqueles que a história oficial invisibilizou, no entanto a periferia nunca deixou esquecer, as mulheres pretas que movimentam estruturas e corpos dissidentes (pretos, LGBTQIA+) que sempre usam da criatividade para sobreviver e fomentar culturas ancestrais.
* Diáspora: deslocamento forçado ou incentivado de um grupo de pessoas do seu país de origem para outro país que acolhe suas vivências e culturas.
O Festival ELA (Empoderamento, Liberdade e Arte) tem como proposta o fomento ao protagonismo feminino na arte e na cultura.