Minha missão aqui é fazer você, santista, olhar para a cidade e para toda a Baixada Santista com outros olhos, com o olhar do turista.
E que tal uma imersão em uma aldeia indígena aqui pertinho para um dia de (e com) índio?
A aldeia Tabaçu Reko Ypy, na divisa entre Itanhaém e Peruíbe, tem cerca de cinco anos e divide com outras seis aldeias um espaço de 2965 hectares, que formam a terra indígena Piaçaguera.
Novas aldeias surgem quando um grupo da mesma etnia cresce muito e o espaço comum passa a ficar pequeno. Então, os subgrupos se espalham pelas terras e criam novas aldeias, com ideais políticos e sociais próprios.
A aldeia Tabaçu tem dois espaços em meio à mata; um deles, que eles chamam de contemporâneo, mistura as culturas – tem ocas, casas de barro e de madeira, luz elétrica e ali é permitido o uso do celular, internet e televisão. Neste espaço eles podem comer a comida enviada pela prefeitura para manter a merenda escolar, já que a aldeia tem uma sala de aula vinculada ao município. É também o espaço onde eles recebem turistas e visitantes.
O outro espaço, após o lago que corta as terras, é onde eles dormem e aprendem a viver na natureza – e da natureza, como indígenas. Em meio à mata, as crianças aprendem a ser índios.
A aldeia é organizada politicamente da seguinte forma: há um cacique e uma vice cacique e, abaixo deles, as lideranças em várias áreas, como educação e saúde. Estes líderes são os chefes das famílias que vivem na aldeia e formam um conselho, que se reúne periodicamente para discutir interesses comuns.
As reuniões acontecem junto ao Tataruçú, ‘a grande fogueira’, que para eles é um portal com ligação ao divino (nhandejary) e que os mantém protegidos de brigas e conflitos. Ao lado do Tataruçu há dois tocos, onde são amarrados aqueles que descumprem as regras. Quem desobedece, fica amarrado aos tocos refletindo e pedindo perdão à divindade até que o Morubixaba (cacique) autorize a soltura.
Quais os desafios?
Como em todas as tribos, há grandes desafios diários e o principal deles é cuidar para que as crianças e jovens não se deslumbrem com o mundo fora da aldeia, afinal as drogas, a prostituição e o álcool também já chegaram às tribos por influência do ‘homem branco’.
A aldeia Tabaçu Reko Ypy optou por adotar a prática indígena antiga da coletividade. Alguns índios da tribo trabalham na cidade ou na comunidade indígena, contratados pelo governo e sua renda ajuda a manter toda a aldeia. O dinheiro que entra é para os interesses comum e assim também funciona com o trabalho braçal, todos fazem tudo juntos.
Projeto turístico
A Tabaçu tem um projeto turístico que recebe grupos de visitantes para conhecerem o verdadeiro modo de vida indígena, com suas tradições, danças, ritos e vivências. O ingresso pago ajuda a manter as atividades da tribo.
Além de mostrar às pessoas o modo de vida do índio, este projeto faz com que os próprios indígenas resgatem os seus valores, pois a medida em que eles precisam mostrar para as pessoas como são, eles precisam ser.
A tribo mantém alguns rituais indígenas, como o boraý, o canto sagrado, momento de adoração ao divino, que acontece todas as noites; as danças; a atribuição de nomes às crianças e a fogueira da cura. Tudo isso pode ser vivenciado pelos visitantes, o que inclui banho no lago e muito mais.
Quando tudo voltar ao normal…
Você pode vivenciar tudo isso de perto, em um dia diferente e cheio de aventuras. Já falamos sobre isso em matéria completa com as informações para agendamento. A gente se vê por aqui na próxima semana ou por aí, pelas ruas da cidade.
Vamos juntos!