O conselheiro Nébias era desses que todos gostavam de ter por perto, nos idos de 1830. Todos, exceto Rodrigues Alves, que também era conselheiro. E advogado. E ciumento. Joaquim Otávio Nébias era como um psicólogo da cidade e adorava distribuir conselhos num palquinho improvisado ali na Fonte do Sapo, antes dos famosos bailinhos dos idosos.
Dizem que Dom Pedro II por ele nutria grande apreço, por isso, chegou a ser até conselheiro imperial. Ninguém nunca soube o que, de fato, significava isso. Nem Nébias. Nem Pedro.
O conselheiro também costumava se reunir com amigos pensadores nos famosos bares do início da Rua Otaviana, que chamava assim já em sua homenagem. De rua, virou avenida. De Otaviana, virou Conselheiro Nébias. Mas os bares continuam lá. Inclusive o Surf Dog, que era o preferido de Nébias. E de algum cachorro surfista da época. Coisas de Santos.
Com relação a Rodrigues Alves, dadas as desavenças com Joaquim Otávio, quando estava na cidade, frequentava outras bandas, ali na região da Vila Mathias, onde conheceu Dona Ana Costa, num domingo, na feira – dizem que tiveram um caso e meteram um belo par de chifres em Mathias Costa, mas isso é outra conversa.
Rodrigues Alves era homem ocupado, foi até presidente do Brasil, mas nunca engoliu essa história de sua avenida ser menos importante que a do outro Conselheiro, que, segundo ele, roubava os conselhos de Lafaiete (um terceiro homem de conselhos da cidade) e apenas mudava a ordem das palavras. E a população toda se encantava.
Homem bom de discurso, esse Nébias. Podia ter sido presidente do Brasil também. Não nos tempos de hoje, claro.
Da série ‘Histórias que podiam ter sido – Crônicas de Santos’
* Personagens reais, com alguns fatos reais e histórias, obviamente, fictícias