A livraria mais charmosa – e boêmia – de Santos, no coração do Gonzaga, revela entre centenas de títulos, a história de uma paixão pelos livros que começou ‘quase sem querer’.
José Luiz Tahan tinha 18 anos quando decidiu procurar emprego para pagar a faculdade de arquitetura. Apaixonado por desenhos, colocou a pasta debaixo do braço e foi mostrar o seu trabalho em vários estabelecimentos comerciais da cidade.
Entrou na já extinta Livraria Iporanga e ofereceu os seus serviços: ‘Sei desenhar e gosto de ler, estes são meus desenhos. Estou deixando um telefone de recados, pois não tenho telefone em casa’.
Quinze dias depois, a vizinha que recebeu o telefonema o chamou e disse: ‘ligou aqui um tal de Zé Pedro, lhe oferecendo emprego, mas não sei de onde era’. Tahan voltou nos lugares por onde havia passado e todos deram negativas. Por último, entrou na Iporanga e, embora o telefonema também não tivesse partido de lá, Luigi Marnoto lhe ofereceu um emprego.
Tahan começou a trabalhar e entrou na faculdade de arquitetura. Trabalhava de manhã e à noite na Iporanga e durante a tarde cursava a faculdade. Após um ano, Marnoto propôs a ele sociedade na livraria, que foi paga, parte com ajuda da mãe e parte trabalhando sem receber durante anos.
Quatro anos mais tarde, em uma conversa de botequim, Marnoto revelou a Tahan que no dia em que ele esteve na livraria, procurando emprego, um amigo que estava no balcão ouviu a conversa e decidiu, dias depois, ligar oferecendo um emprego em seu bar, ZéPelin, em São Vicente. O recado distorcido da vizinha levou José Luiz Tahan ao mundo dos livros.
Atuou na Iporanga de 1990 a 2004, quando, já com outra unidade na UniSantos e com a atual Realejo funcionando, encerraram as atividades. ‘A Iporanga foi a minha escola. Sempre há o que aprender, pois somos muito menores do que tudo aquilo que nos cerca’, resume Tahan sobre a sua história na cinquentenária livraria.