A exposição ‘A Carne de Gaia’, criada pela artista visual e arquiteta Bea Meira, chega a Santos, de 10 a 30 de abril, na Galeria de Artes Braz Cubas, com entrada gratuita.
Atualizada em 03.04.2025
A exposição traz um conjunto diverso de técnicas artísticas, como pintura, gravura e tecelagem, e incorpora perspectivas de artistas indígenas. Entre as obras, destacam-se contribuições de Claudia Baré, Larissa Ye’pa Tukano e Rayane Barbosa Kaingang, ampliando o debate sobre o impacto da mineração e a relação dos povos originários com a terra.
No dia 11 de abril, às 14h, o público também terá a oportunidade de participar de uma oficina de cerâmica ministrada por Rayane Kaingang. Mais do que um aprendizado técnico, a atividade busca compartilhar saberes ancestrais sobre a argila, desde sua coleta respeitosa até os significados por trás das formas produzidas.
A inspiração da artista
A ideia nasceu a partir de uma residência artística que Bea Meira realizou no Rio Negro, Amazonas, em 2023. Já engajada na produção de gravuras sobre mineração, a artista expandiu seu olhar e desenvolveu uma tapeçaria inspirada no mapa do desmatamento da Amazônia, com base em dados do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).
Atualmente, a exposição conta com 45 obras. Entre elas, está ‘O corpo ativo de Gaia: Geologia e Biologia’, que explora a interseção entre esses campos do conhecimento, e ‘Atividade mineradora sobre pedra’, uma litografia que reproduz imagens da exploração mineral em pedra calcária. Outras peças abordam o mapeamento da mineração na região amazônica por meio do mokulito, técnica de gravura em madeira.
“Cada vez que olho para a terra, vejo isso: a própria carne da terra, a mineração como ferida, como dor. Tento experimentar essa alteridade com o mundo natural, sentir um pouco como a terra sente“, explica Bea.
O olhar indígena na exposição
A inclusão de artistas indígenas na exposição partiu da curadora Susana Oliveira Dias, que buscou ampliar as perspectivas presentes na mostra.
Uma das obras de destaque é ‘Mulher Bioma’, de Rayane Kaingang. A peça retrata a violência contra mulheres indígenas como um ataque às tradições, territórios e saberes ancestrais.
Outra contribuição é a pintura coletiva assinada por Claudia Baré e Larissa Ye’pa Tukano, que representa a ‘cobra canoa’, símbolo da origem da humanidade para diferentes etnias. O trabalho ganhou os nomes Pamuri Mahsã, em Ye’pa Mahsã, e Mira etá uiri igará buya upé, em Nheengatu.
“O trabalho da Bea traz uma intencionalidade comum à nossa, mas sob a perspectiva de uma mulher não indígena. Participar dessa exposição impulsiona a nossa voz“, destaca Larissa.
Uma exposição em movimento
‘A Carne de Gaia’ é uma exposição viva, que incorpora novas obras ao longo de suas itinerâncias. Uma das peças mais recentes é ‘O invisível coração Guarani’, uma tapeçaria bordada sobre o Aquífero Guarani, inspirada pela passagem da artista por Botucatu (SP), uma região próxima ao manancial subterrâneo.
Além da visitação, a mostra conta com atividades paralelas, como oficinas, debates e interações artísticas, que estimulam a reflexão e a troca de experiências com o público.
A abertura da exposição ‘A Carne de Gaia’ acontece dia 10.04, às 19h e segue até dia 30.04, de segunda a sexta, das 13h30 às 18h, na Galeria de Artes Braz Cubas (Av. Pinheiro Machado, 48 – Vila Mathias/Santos), com entrada gratuita.
Foto: Divulgação/Exposição ‘A Carne de Gaia’