O Cine Roxy, que acabou de completar 87 anos, corre sério risco de fechar as portas definitivamente. O cinema recebeu uma ordem despejo, por falta de pagamento do aluguel, em função da pandemia.
Não gostamos de dar notícias tristes por aqui e vocês sabem disso. Mas não dá pra ignorar essa que diz respeito a um equipamento que faz parte da vida dos santistas há 87 anos.
O Cine Roxy exibiu o primeiro filme ‘Cântico dos cânticos’, em 15 de março de 1934 e, desde então, faz parte da história de Santos e do cinema nacional. Suas salas, na Av. Ana Costa, já exibiram muitas sessões especiais, desde que os cinemas multiplex chegaram ao Brasil, e o Roxy transformou sua imensa sala de 1440 lugares em cinco salas. É o local de preferência das principais distribuidoras de cinema do país para lançar seus filmes em sessões de pré-estreia exclusivas, com presenças de astros e estrelas.
Sua ‘Calçada da Fama’ homenageia santistas ou pessoas que ganharam o mundo a partir de Santos, como os atores Ney Latorraca, Nuno Leal Maia, Bete Mendes, Sergio Mamberti, Luciano Quirino, o crítico Rubens Ewald Filho, o maestro Gilberto Mendes, o jogador Neymar, os surfistas Cisco Araña e Picuruta Salazar, entre outros.
O Roxy também é um cinema com preocupação social, que cede suas salas para sessões filantrópicas para escolas públicas, ONGs, creches, asilos, Senat, Naps, etc.
As portas do Cine Roxy podem fechar
Em função da crise causada pela pandemia da Covid-19, as atividades do cinema mais tradicional da região e um dos poucos cinemas de rua do Brasil, correm sério risco de ser interrompidas.
Depois de sete meses fechado e reaberto no início de outubro, mas sem a costumeira forte presença do público de tempos anteriores, o cinema se viu sem condições de arcar com aluguel e recebeu, recentemente, uma liminar de despejo, após oito meses de inadimplência.
“Um amigo perguntou esses dias desde quando estou no Cine Roxy. Respondi que desde que nasci. Minha vida está aqui. Sou grato a Santos por tudo e tenho tentado devolver esse carinho aos santistas ao longo dessas décadas. Com a pandemia chegamos num momento extremamente difícil e estamos procurando saídas. Já fizemos empréstimos, usamos a pequena ajuda do governo, mas não sabemos mais para onde ir”, explica o empresário Toninho Campos, dono do cinema.
Ele conta que não houve entrada financeira durante sete meses e, mesmo após a reabertura, foi muito pouco.
“Mantivemos nossos colaboradores. São dezenas de pessoas que dependem do Roxy. Vi meu avô e meu pai viverem e morrerem nesse cinema e achei que comigo seria assim também. E ainda espero que seja”, diz Toninho.
Com isso, entidades filantrópicas, organizações, artistas e produtores está se manifestando nas redes sociais e clamam pela continuidade do cinema.
Toninho acredita que com a vacinação acelerada nos Estados Unidos, os grandes lançamentos devem voltar a partir de julho. “O grande desafio é chegar até lá”, desabafa.
Vamos acompanhar e torcer para que tudo se resolva!