Chorava e gemia alto, para que ele ouvisse. Baltazar Ferreira perguntou-lhe o que queria e não deu importância ao que ela contava apavorada.
Irecê ficou desesperada e, correu como podia, até que de uma certa distância, viu o fantasma no mesmo ponto e voltou ainda mais depressa, chamando desesperadamente seu senhor, afirmando que era bicho horrível e gigantesco.
O bicho decerto queria sangue, e ameaçava toda a vila!… Irecê pedia ao capitão que corresse enquanto era tempo… talvez fosse o demônio… e seria bom chamar os padres do Colégio para esconjurá-lo!…
Baltazar Ferreira, vencido pela insistência da índia, saiu quase como estava, metendo o gibão de qualquer jeito e tomando da espada, que ficava sempre ao alcance de seu braço.
Quando iam atravessando o grande campo de jundú, ouviram-se novos urros e gritos roucos da aparição, e logo Batazar Ferreira viu, à pequena distância, o monstro que Irecê descrevera.
– Tu tens razão – disse ele -, é mesmo coisa grande e feia!… Mas vou ver de perto!…
Com coragem, Baltazar impediu que o monstro sumisse e, então, perfurou Ipupiara na barriga.
Da ferida, sangue jorrou e mais gritos ouviu-se na tentativa de morder seu oponente. Tamanho barulho acordou os demais que logo chegaram e, aos olhos de todos, jazia o monstro nas mãos da multidão.
Levado à praça, a população em polvorosa rodeava aquela carcaça enorme e assustadora, com 3,5 metros de altura, braços longos, pés de barbatanas, dentes pontiagudos, o corpo coberto de pelos e focinho com bigode.
O monstro homenageado
São Vicente teve um monumento em sua homenagem na Praça 22 de Janeiro, que passou a ser conhecida como Parque Ipupiara. Porém, em 2016, a estátua do monstro, que ficar no meio de um lago, pegou fogo.