Você pode não ter visto, mas já ouviu falar.
É bem provável que você acelere os passos ao passar em frente a algum dos cemitérios de nossa região à noite. Lendas de fantasmas povoam o imaginário da população desde os remotos tempos em que a iluminação das ruas era com lampiões, propiciando o clima do sobrenatural.
Um fantasma bastante conhecido dos santistas é o Fantasma do Paquetá, que assustou a população no início do século passado, nos idos de 1900. De acordo com o historiador e pesquisador santista Francisco Vazquez Carballa, Maria M., uma jovem beata da alta sociedade santista, teve, no final do século XIX, um caso com um clérigo da velha Igreja Matriz de Santos.
Deste relacionamento, nasceu uma criança, que faleceu pouco tempo após o nascimento. O bebê foi enterrado discretamente na ala de crianças do Cemitério do Paquetá, pois Maria havia sido expulsa de casa e era hostilizada pela sociedade da época.
Após a morte do filho, Maria M. passou a ir diariamente, vestida de luto, à porta do cemitério, velar pela criança, sempre perto da meia noite, para não ser vista. De acordo com o historiador, a mulher vinha da esquina da rua São Francisco de Paula e seguia pelo gradil do cemitério, na rua Dr. Cocrane, ajoelhava-se no portão, levantava o véu e com um lenço enxugava as lágrimas e acenava para dentro do cemitério.
A beata faleceu tempos depois de tristeza e solidão, mas a população da época jura que via o mesmo ritual diariamente. Cansado de ouvir os boatos que amedrontavam os moradores, o então chefe da repartição policial, o major Evangelista de Almeida, ordenou que um pelotão de praça da cavalaria fizesse plantão durante a fria noite de 27 de julho de 1900, em frente ao portão do cemitério.
O fantasma não apareceu, mas uma plateia de curiosos, que desejava presenciar sua captura, foi expulsa do local a chicotadas, porretadas e golpes de espadas da guarda. No dia seguinte, o fato foi noticiado pelos jornais A Tribuna e Cidade de Santos.
Agora você já sabe, se encontrar uma assombração pelos lados do Paquetá, pode ser Maria M.
As Oficinas Querô produziram um curta metragem sobre a lenda. Olha que bacana.