No artigo anterior conversamos sobre diversos paradigmas da nossa vida atual que envolvem e acarretam nos problemas ambientais que temos hoje. Falamos do estigma do ter, do sucesso, da famosa correria e falta de tempo e do quanto, diante de tudo isso, precisamos botar o pé no freio e formatar mudanças urgentemente. Também, falamos do termo ‘sustentável’. Para mim, particularmente, ‘sustentável’ ou ‘sustentabilidade’ já não agregam mais, estão desgastadas. Para você, que me lê, o que estas palavras te dizem?
Sustentabilidade, na visão ambientalista, vem do ‘desenvolvimento sustentável’, conceito que surgiu a partir da ideia de ecodesenvolvimento, proposto durante a Primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, em Estocolmo, na Suécia, em 1972.
A proposta era continuar desenvolvendo (fazendo-se crescer) a economia, mas de tal forma que pudessem ser preservados os recursos naturais, ou seja, que o crescimento pudesse acontecer, embora sustentando a vida humana, mantendo-se os recursos para as gerações futuras. Ou seja, avançar, mas de forma prudente, digamos assim…
Algo incipiente nos anos 70 e 80, nos anos 90 e 2000, a tal preocupação com o meio ambiente começa a ganhar destaque, e junto com ela, o tal ‘sustentável’. Hoje, com certeza, grande parte da população mundial já conhece esta proposta e ser sustentável virou símbolo de status.
Mas repare comigo. Já estamos na década dos anos 2020! Faz, pelo menos, 20 anos que o termo realmente ganhou o mundo, mas e aí, o que mudou? Para contrapor o caminho da destruição, o que mudou é que realmente muitas frentes ambientalistas surgiram, pautadas na sustentabilidade. Mas elas estão sendo suficientes para realmente mantermos os recursos que nossos netos e bisnetos precisarão para viver?
Vinte ou trinta anos já nos fazem perceber que não… Já é possível notar que fazer crescer a economia enquanto se mantém os recursos naturais virou utópico, balela, lenda ou, até mesmo, enrolação (o famoso “papo para boi dormir”) e, infelizmente, enganação (no chamado marketing verde). Já deu para perceber que a sociedade não quer desenvolver a economia e poupar os recursos, porque poupar os recursos pressupõe não desenvolver tanto a economia assim.
E o que dizem os preceitos capitalistas que nos rondam o tempo todo? Dizem que temos que desenvolver mais e mais a economia, que precisamos disso, que a roda precisa girar! Dizem que precisamos produzir, consumir, comprar e ter. E veja… isso não encaixa com o poupar recursos. Encaixa, sim, com extrair recursos do Planeta! Então, perceba! Existe desenvolvimento sustentável? O que temos visto acontecer com a Mata Atlântica? E com a Amazônia? E com rios e espécies animais? Não, o crescimento econômico não pode ser sustentável como poderíamos pensar lá na década de 70. Neste meio tempo, o termo de desgastou, perdeu força e tem passado de status a clichê.
O que está na pauta hoje é o ‘Decrescimento Econômico’. Você já ouvir falar deste termo? O decrescimento chega para contrabalancear tudo isso. Nesta ideia, precisamos decrescer e não crescer. Os moldes do consumo capitalista são, de fato, IN-SUS-TEN-TÁ-VEIS e precisamos colocar o pé no freio e DAR MARCHA RÉ. Para mim, isso tem feito sentido… e tem a ver com voltar para trás nas formas de consumir, trabalhar e de se desenvolver como pessoa. Decrescimento se pauta em ter menos e não mais. Isso tem a ver com minimalismo, essencialismo, colaboração, compartilhamento, desapego, simplicidade…
Como isso tem a ver com a sua forma de ver o mundo e a você mesmo hoje? A roda que você gira faz a economia crescer ou decrescer?
Foto: Unsplash (Guillaume de Germain)