Representatividade. Essa palavra tem sido muito usada nos últimos tempos, né? Em algum momento, nessa internet de meu Deus você deve ter esbarrado nesse conceito. Falando de Mulher Maravilha, Capitã Marvel, Pantera Negra e até mesmo na história do Ivan, na novela “A força do querer” que está sendo reprisada agora. E, pra você que não está familiarizado com o conceito, quando falamos de representatividade não podemos deixar de pensar que vivemos em um país diverso. E onde essa diversidade está quando falamos de grande mídia, espaços de poder, etc.?
Sabendo que no nosso país mais da metade não se identifica como branca, novamente, onde estão essas pessoas? Me faço a mesma pergunta quando lembro da imensidão anual reunida na parada do orgulho LGBT+ de São Paulo. Tentando colocar em outras palavras, representatividade é ligar a TV e dar de cara com o maior tipo de diversidade nas pessoas que estão em novelas, programas de tv, seriados e etc. E, além da importância disso, devemos pensar no tipo de representatividade que por vezes é oferecido.
Vamos pensar brevemente aqui…Falando de novelas, que é algo muito consumido no nosso país. Já pararam para pensar que personagens gays sempre estão no núcleo dramático ou de comédia? A famigerada “bicha má” ou aquele personagem que tem muita dificuldade em se aceitar e toda a trama dele gira em torno da negação/aceitação de sua sexualidade. Personagens negros que não estejam no lugar de servidão/pobreza/escravidão?
Veja, eu não estou dizendo que não existam pessoas lutando em aceitar sua sexualidade ou que não existam pessoas negras em situação de vulnerabilidade (vivemos em um país extremamente desigual, isso não é novidade), mas é somente isso que existe? A comunidade LGBT+ se resume somente a gays não assumidos e afeminados (para serem engraçados) e a comunidade negra não ocupa apenas esses espaços.
Isso, sem contar na pouca representação de personagens trans nessas histórias. E quando eu me refiro especificamente a personagens trans, penso que a cultura como um todo, de certa forma, falha. Para não me alongar no debate eu deixo aqui como sugestão o documentário Revelação (2020) da Netflix (Inclusive, já adianto que essa é uma das Dicas Diversa! do dia) que faz uma leitura minuciosa e interessantíssima sobre a representação de pessoas trans na história de Hollywood. Além de interessante, é emocionante, vale a pena conferir.
Bom, depois de tentar introduzir o que é representatividade pra você, é importante lembrar que, no título dessa conversa Diversa! tem algo além de representatividade, né? Sim e não. Sim…Tem Alice Júnior, e não porque Alice Júnior É representatividade. E uma incrível! Mas vamos lá, deixa eu explicar. Alice Júnior é um longa que conta a história de…Alice! Que é uma adolescente trans cheia de carisma que investe seu tempo fazendo vídeos para o Youtube. Um dia, seu pai, Jean, é transferido pela empresa do Recife para Araucárias do Sul, e eles precisam se mudar. O filme conta a adaptação da adolescente na nova escola e além disso, retrata questões básicas e diárias enfrentadas por uma pessoa trans com uma certa leveza.
Respeito de nome social em ambiente escolar, uso do banheiro e de uniformes de acordo com a identidade de gênero, sexualidades, afetividade, LGBT+fobia na escola, feminismo e a importância da família nesses dilemas. O filme, em alguns momentos, parece despretensioso, mas faz pensar. Uma narrativa (como já pontuei) leve e engraçada traz uma personagem trans que rompe com os estereótipos dados a pessoas trans.
Alice Júnior é para todos….Todos que estão abertos a dialogar sobre diversidade. Então, eu convido você, leitor do Diversa! a dialogar, se divertir e entender um pouquinho mais da história de Alice, e que ela te faça refletir sobre as questões ligadas a comunidade trans no Brasil. Bom, vou ficando por aqui, mas não sem antes dar a Dica Diversa! do dia.
Bom, já falei brevemente sobre o documentário Revelação (2020), da Netflix, então só venho reforçar a necessidade de todos assistirem e refletirem sobre essa preciosidade de documentário.
Outro filme incrível que faz refletir sobre a representatividade, nesse caso, de pessoas pretas é o filme Estrelas Além do Tempo (2016). Apesar de ser um tanto mais antigo, vale a pena conferir, quem não teve oportunidade.