É importante refletirmos um pouco sobre o processo eleitoral das nossas eleições municipais que vão acontecer nos próximos dias: em 1º turno no dia 15 de novembro, e em 2° turno 29 de novembro. Como utilizar o nosso voto útil a favor de estratégias de reparação histórica e enfrentamento de violências estruturais do nosso país a partir da transformação do cenário político municipal.
Com o slogan de campanha ‘Não vote em branco, vote no preto’ o ativista Abdias do Nascimento iniciou sua trajetória na luta contra a discriminação racial filiando-se à Frente Negra Brasileira (FNB). Hoje é possível encontrar nas redes sociais a imagem do ‘santinho’ da campanha da época. Abdias do Nascimento foi teatrólogo, escritor, jornalista, professor universitário e acompanhou a substituição de trabalhadores negres para brancos imigrantes. Em 1983 entra para esfera de poder, como primeiro deputado federal negro assumido e compromissado com os seus.
Nos últimos anos a candidatura de mulheres negras vêm progredindo não só no Brasil, mas em todo o mundo. Principal exemplo é a vitória da primeira mulher negra vice-presidente dos EUA, a democrata Kamala Harris.
A conquista nas eleições dos Estados Unidos para muitas pessoas estadunidenses representa a vitória contra o avanço do fascismo, intolerância, e do enfrentamento ao racismo. Outro exemplo é que pela primeira vez no Brasil, o número de candidatas autodeclaradas negras (pretas ou pardas) superou o total de brancos.
Abdias, assim como Esmeraldo Tarquinio, são representantes do povo negro nas mais altas casas de lei do país, que tiveram coragem de falar dos seus, da sua religião, lutar e rebater investidas racistas, sendo hoje referência para muitas candidaturas negras que ainda precisam enfrentar o racismo institucional, como por exemplo a deputada estadual de São Paulo, Érica Malunguinho. Ela é a primeira mulher transexual da história a constar da lista da ONU entre as cem pessoas negras mais influentes do mundo em 2020.
Quer agradecimento melhor do que votar em uma mulher preta? Portanto, se ler em tempo esta coluna pense em votar em candidatas que possuam plano de governo onde defendam direitos básicos, civis e humanos. Para quem a expectativa é sempre voltada para o futuro.