Na terceira postagem da coluna ‘Conexão Quebrada’ gostaria de mencionar exemplos de desobediência civil em prol de pessoas negras. Por exemplo, a estátua de Cristóvão Colombo, primeiro conquistador europeu a chegar à América, foi derrubada, incendiada e jogada em um lago na cidade da Virgínia nos Estados Unidos. Também lá, a estátua de Jefferson Davis, militar americano que defendia a manutenção da escravidão nos EUA, também derrubada.
Monumentos são peças de pedra explicitamente feitas para comemorar e para se fazer lembrar o momento histórico no qual a pessoa retratada existiu e enaltecer seus feitos. Derrubar significa que um grupo de pessoas está em desacordo com a narrativa expressa na peça em pedra.
Essas atitudes são reflexo das manifestações iniciadas nos EUA, que escancararam o racismo estrutural por conta dos assassinatos de George Floyd, Breonna Taylor e outras pessoas negras inocentes.
No último domingo (13/09), ao conquistar a nonagésima (90ª) vitória na Fórmula-1, o piloto inglês Lewis Hamilton se manifestou, na Itália, pedindo a prisão dos policiais que mataram Breonna Taylor. Mulher negra alvejada cinco vezes por policiais dentro de sua própria casa no estado de Kentucky, Estados Unidos.
Hamilton é o maior piloto de todos os tempos. Torna esse esporte de elite uma ferramenta de mudança social. Ele faz uso da sua influência e prestígio para questionar quais corpos têm sido confundidos pela polícia. Da mesma maneira, em Bristol, na Inglaterra, uma estátua de Edward Colston, traficante de escravos e membro do Parlamento britânico no século 17, foi derrubada e jogada em um rio.
Estes exemplos mostram para brasileiros insensíveis o projeto de extermínio de pessoas negras no mundo, inclusive no Brasil – oito Lewis Hamilton por dia são vítimas da letalidade policial brasileira. Portanto, oito jovens negros inocentes são assassinados por serem confundidos com estereótipos reforçados pelo racismo cotidiano e recorrente nos programas policiais apresentados nas tarde da tv aberta brasileira.
Até agora ninguém foi responsabilizado criminalmente nos casos do George Floyd e Breonna Taylor. E as manifestações de Lewis Hamilton e Naomi Osaka, tenista ganhadora do US Open e Lebron James, jogador de basquete pelo Los Angeles Lakers da NBA, são muito importantes para não deixar esses casos caírem no esquecimento.
São atletas que sabem da sua magnitude e usam o esporte para dar voz às pessoas. Lutam, se posicionam e mostram que é necessário combater o racismo e fazem isso de forma espetacular. É uma honra tê-los em nossa geração.