Nós somos, definitivamente, uma publicação da paz. Gostamos de falar sobre coisas bacanas, leves e destacar as maravilhas e potencialidades da região. Mas, somos, sobretudo, a favor do bom e honesto jornalismo, da imparcialidade e do respeito a todos os leitores.
Por isso, nos juntamos às manifestações de entidades classistas, convention bureaux, prefeituras, políticos e sociedade civil, estarrecidos com a reportagem sensacionalista e tendenciosa, publicada no último dia 30 de agosto no portal da Veja SP e que será matéria de capa da Vejinha (cada vez mais ‘inha’, diga-se de passagem) do dia 4 de setembro, com o titulo ‘Decadência à beira-mar: Baixada Santista enfrenta problemas’.
Não, não queremos tapar os olhos para os problemas que afligem Santos e região, que são muitos, assim como enfrentam todas as regiões metropolitanas. Sabemos que há muito o que fazer e se optamos falar das coisas boas por aqui é para lembrarmos munícipes e visitantes das belezas e peculiaridades da região. Que também são muitas!
E adoramos quando o bom jornalismo aponta os problemas, claro, desde que com o propósito de ajudar a mudar a realidade, a construir novos horizontes e dar voz para que todos os envolvidos se manifestem. Este é o papel do jornalismo, afinal. Propósito que passou longe da tal ‘Inha’ quando expôs em uma longa reportagem apenas as deficiências de uma das regiões mais importantes do país.
Os ‘repórteres’ usam expressões como ‘as praias mais próximas da capital murcharam’; ‘promessas de grandes projetos não saíram das prateleiras da burocracia’; ‘o jurássico sistema de balsas entre a cidade e o Guarujá’ e ‘ao chegar a Santos pela estrada que já não faz curva’, trazendo conotação explicitamente pejorativa e fazendo parecer que a região se afunda no ostracismo e na decadência.
Sem a menor preocupação com os inúmeros prejuízos que o texto indecente e irresponsável pode trazer à toda região, que tem o turismo como uma de suas importantes atividades econômicas, não sobrou espaço na matéria para todos os aspectos positivos.
Santos tem sido eleita nos últimos anos – inclusive em 2019 – a melhor cidade brasileira para se viver. E VEJA que curioso – a tal revista publicou em 2017 no seu portal matéria com esse titulo: ‘Santos lidera ranking das melhores cidades brasileiras’ . Soa estranho, os repórteres não terem considerado isso na ‘pesquisa’.
Assim como também não deram destaque para grandes obras, como a Nova Ponta da Praia e a Entrada da Cidade, dentre tantos outros aspectos positivos (sem nenhum aceno partidário aqui, ok?). Nem o Arte no Dique, projeto social importantíssimo e bem sucedido liderado pelo produtor cultural José Virgílio, escapou do mau caratismo da reportagem. Mencionaram o Arte para dar luz às lamentáveis condições que vivem as famílias que no Dique da Vila Gilda se amontoam em palafitas. Essa é uma realidade que realmente precisa ser apontada – sem tom sensacionalista.
Mais triste que encarar todos os dias os desafios de viver em praticamente qualquer cidade brasileira é constatar que os grandes veículos de comunicação, que deveriam jogar luz aos problemas, abrindo espaço para diálogo e soluções, vendem-se escancaradamente e ditam o tom de seu conteúdo por interesses próprios. Um desserviço!
E se, por um lado, me envergonho desse tipo de jornalismo, me orgulho de poder seguir fora dessa engrenagem suja e hipócrita, de seguir fazendo jornalismo limpo, do bem e com propósito.
E fica aqui a pergunta: qual foi o real propósito da Vejinha com essa reportagem?
A foto do topo, que também é a da capa da Veja SP, é de Marcelo Sonohara, que, a propósito, tem fotos lindas de Santos e região. : /