Os microverdes estão ganhando espaço nas cozinhas do mundo todo por serem versáteis e altamente nutritivos, trazerem sofisticação e delicadeza aos pratos e terem um forte apelo sustentável.
Atualizada em 26.03.2025
A palavra surgiu do inglês microgreens e define hortaliças muito jovens, pequenininhas, colhidas e consumidas em sua fase imatura, entre sete e 21 dias, quando ainda apresentam as primeiras folhas. Elas são uma evolução de técnicas agrícolas modernas e ideais para espaços urbanos, consideradas superalimentos por alguns especialistas.
Essas plantinhas, além de lindas, são delicadas e macias, mas, não se enganem, elas têm cor e sabor mais acentuado que a planta na fase adulta. Saudáveis e orgânicas, têm conquistado chefs mundo afora, já que trazem um charme especial na elaboração e no acabamento dos pratos, tornando-os instagramáveis.
Inúmeras hortaliças podem ser cultivadas como microverdes e, cada uma com suas características, trará aroma e sabor diferente ao preparo. Acelga, agrião, alho-poró, beterraba, brócolis, coentro, mostarda, rabanete, manjericão, cebolinha, salsa e repolho roxo são algumas das variedades.
Baixada Santista
Em Santos e região, o projeto Fazendinha Clorofila, do técnico agrícola e gestor ambiental André Laface, produz microverdes de mostarda, rabanete e repolho roxo em bandejas, usando somente terra orgânica, água e luz do sol junto de lâmpadas, para acelerar a produção.
Ele faz o cultivo sem estoque, para garantir o frescor dos verdinhos e atende restaurantes sob demanda, além de oferecer um clube de assinatura para pessoas físicas.
Especializado em recursos hídricos, André conta que começou a produzir os microverdes para consumo próprio.
“Em função das mudanças climáticas e a consequente escassez de produtos e alta dos preços, decidi cultivar meu próprio alimento. Então, organizei um espaço em minha casa e de lá saem microverdes fresquinhos duas vezes por semana”, explica.
Com a estrutura montada, ele decidiu oferecer os produtos a restaurantes e pessoas físicas da Baixada Santista, uma vez que os grandes produtores que atendem esta demanda não trabalham com microverdes.
Serviço Fazendinha Clorofila
@fazendinhaclorofila
Pedidos: (13) 99162.8900
Clube de Assinatura:
Individual: R$ 80 por mês – 40g por semana
Família: R$ 140 por mês – 80g por semana
Para Restaurantes: pedidos semanais a partir de 100g (R$ 40), com frete grátis
O que tem chamado a atenção de chefs e entusiastas da gastronomia para o uso dos microverdes é a versatilidade dessas plantinhas na cozinha, já que podem ser usadas em saladas, finalização de pratos diversos, sanduíches, sopas e cremes, sobremesas e até em coquetéis.
Esteticamente, trazem um toque sofisticado e colorido aos pratos, intensificam o sabor das receitas, com variedades que vão do picante ao adocicado e, em termos nutritivos, elas contêm de quatro a 40 vezes mais nutrientes que as plantas adultas (vitaminas C, E e K, além de ferro, potássio e zinco).
Superalimentos
Eles também contêm altos níveis de antioxidantes, que ajudam a combater os radicais livres no corpo, protegendo contra o envelhecimento precoce e doenças crônicas, como câncer e problemas cardiovasculares. Além disso, embora sejam pequenos, os microverdes ajudam na saúde digestiva graças à presença de fibras, que promovem a saciedade e regulam o trânsito intestinal, têm poucas calorias e fortalecem o sistema imunológico pela presença de vitamina C.
A diferença entre os microverdes e as ervas (muitas também são pequenas, então pode haver confusão) é que os verdinhos são colhidos nos estágios iniciais de crescimento das plantas, logo após a formação das primeiras folhas verdadeiras; tem, em média, de 2,5 a 7,5 cm de altura; oferecem um perfil gustativo mais intenso e diversificado, mesmo em pequenas quantidades e na gastronomia são usados como guarnição, decoração ou para realçar sabores em preparos diversos.
Já as ervas, são plantas mais maduras, frequentemente cultivadas e colhidas em seu pleno desenvolvimento, com folhas bem formadas e, em alguns casos, caules mais grossos. Algumas também possuem sabores marcantes, mas variam dependendo da espécie e da maturidade, e são utilizadas como temperos ou ingredientes principais em receitas, podendo ser frescas ou secas
Outra vantagem sobre os microverdes é que você sempre irá comê-los fresquinho, já que o pouco tempo necessário para o cultivo e a necessidade de serem consumidos logo, por sua delicadeza, fazem com que os pequenos produtores os entreguem frequentemente nos restaurantes.
Os microverdes nas cozinhas do mundo
Chefs do mundo inteiro aderiram aos microgreens e em cada região os verdinhos são protagonistas de forma diferente.
Na Ásia, o Japão usa microverdes como shiso ou daikon (rabanete japonês) para guarnições elegantes em sushi e sashimi, trazendo um contraste picante e fresco. Já a Tailândia usa micro coentro e micro manjericão para enfeitar pratos como curries e sopas, realçando os sabores aromáticos.
Na Europa, na França, as plantinhas são populares em pratos gourmet, como foie gras ou terrines, adicionando cores vibrantes e sabores sutis. Na Itália, os micro manjericões são incorporados a saladas caprese ou usados para guarnecer massas artesanais, como um complemento fresco.
A cozinha norte-americana também faz uso dos microgreens. Nos Estados Unidos são uma tendência nos menus de alta gastronomia, sendo usados como cobertura de hambúrgueres, saladas sofisticadas ou para dar textura a pratos de frutos do mar. E no México, microverdes como micro coentro aparecem em tacos e guacamoles, intensificando os sabores tradicionais.
Até no Oriente Médio, o verdinho também é tendência – micro rúcula ou micro beterraba são usadas para enfeitar pratos como tabule ou homus, trazendo cor e crocância extras.
E, claro, o Brasil também incorporou os microverdes na gastronomia, em pratos regionais, onde são incorporados a receitas tradicionais, como moquecas. Um toque de micro coentro ou micro rúcula, por exemplo, pode trazer um equilíbrio fresco ao prato. Na decoração, tornaram-se um elemento estético essencial em pratos apresentados em eventos e restaurantes.
Até na coquetelaria
Na coquetelaria os microverdes têm a mesma função que as hortaliças adultas, com a diferença que, no preparo, trazem sabor mais intenso e na finalização, muito mais elegância.
Um Mojito com micro hortelã no preparo e na finalização vai trazer mais frescor e delicadeza ao drink; uma Margarita com micro coentro no preparo ajuda a realçar os sabores cítricos do limão e da tequila; um Bloody Mary com micro rabanete no preparo traz um toque levemente apimentado que complementa os sabores de tomate e vodca, na finalização, vai ficar lindo junto do tradicional aipo e uma Gin Tônica como micro manjericão roxo traz um toque floral e visual vibrante à taça.
Parceria para esta matéria: Da Conceição Gastronomia | Chef Felipe Schmidt