No entorno das grandes cidades, histórias de resistência e luta pela liberdade se entrelaçam em comunidades clandestinas conhecidas como quilombos. Em Santos, essa narrativa ganha vida com relatos de fugitivos que construíram redutos de esperança e liberdade, desafiando as correntes da escravidão.
Atualizada em 15.04.2024
O Legado do Quilombo do Jabaquara
Entre os mais proeminentes desses refúgios está o Quilombo do Jabaquara, uma comunidade que se tornou símbolo da resistência abolicionista. Fundado em 1882 por Américo Martins e Xavier Pinheiro, abolicionistas dedicados, e liderado por Quintino de Lacerda, um negro alforriado de coragem inabalável, o Quilombo do Jabaquara estima-se ter acolhido até 10 mil escravos fugidos das fazendas do interior do Estado. Sua localização remota, atrás da Santa Casa Velha, tornava-o de difícil acesso, mas também o protegia da perseguição dos capitães-do-mato.
Pai Felipe: Protetor e Precursor do Carnaval
No Quilombo de Pai Felipe, situado na encosta do Monte Serrat, protegidos pela densa vegetação e caminhos sinuosos, os habitantes trabalhavam no corte de madeira e na confecção de produtos artesanais. Além de ser um refúgio para os escravos fugidos, Pai Felipe, o ‘Rei Batuqueiro’, é reverenciado como precursor do carnaval de rua, com os primeiros festejos públicos ocorrendo em 13 de maio de 1888, durante a celebração da Abolição da Escravatura e o Quilombo, reduto pioneiro do samba no litoral.
Santos Garrafão: Uma Ponte entre os Quilombos
José Theodoro Santos Pereira, conhecido como Santos Garrafão, português, cujo apelido refletia suas características físicas, desempenhou um papel crucial ao ajudar a manter o Quilombo do Jabaquara e ao comunicar aos abolicionistas a descida de escravos fugidos pela Serra do Mar. Seu nome também batizou o quilombo do Garrafão, localizado onde hoje se encontra a Praça Antonio Teles, no Centro Histórico.
O Vale do Quilombo: Um Espaço de Resistência
O Vale do Quilombo abrigava várias comunidades independentes umas das outras, desde meados do século XIX. Ruínas como as do Engenho do Quilombo, tombadas em 1974, testemunham a luta e a perseverança dos que buscavam a liberdade.
A história dos quilombos de Santos é um testemunho vivo da resistência e da determinação daqueles que lutaram contra a opressão. Esses redutos clandestinos não apenas abrigaram os fugitivos da escravidão, mas também serviram como faróis de esperança em tempos sombrios, inspirando gerações futuras a lutar por justiça e igualdade.