Em direção ao arco íris.
No primeiro texto da Diversa! (que vocês podem ler aqui) tive a oportunidade de me apresentar e falar um pouco da minha comunidade para vocês. Mas, para quem chegou agora, meu nome é Thomaz e cá estamos na Diversa!, espaço quinzenal onde nos encontraremos para conversar sobre comunidade LGBTQIA+ e diversidade.
Antes de mais nada, é importante eu pontuar algumas coisas. Por muito tempo eu falei entre os meus, nossos sentimentos, nossas demandas… Sinto que na Diversa! estou furando uma bolha, falando com outras pessoas e, talvez, eu não me faça entender em algum momento. Então conto com você, seu feedback e sugestão de tema para seguir nessa.
E hoje vamos conversar sobre…
Orientação sexual e identidade de gênero. Calma, antes de mais nada, é preciso deixar claro que quero conversar sobre algo que passa por todas as pessoas. Você, eu e todo mundo tem uma orientação sexual e uma identidade de gênero. O grande diferencial é a forma como ela é representada, aceita e até mesmo lida pela sociedade. Vivemos em uma sociedade onde questões como essas aparentemente são de suma importância.
Vamos lá, na tentativa de facilitar, vamos pensar na sexualidade como uma grande área cinza. Dentro da comunidade LGBTQIA+, gays, lésbicas e bissexuais são as sexualidades sobre as quais mais ouvimos falar, mas é importante pontuar que essa é só a ponta do iceberg.
Dentro do guarda-chuva sexualidades existem também as pessoas que se atraem por pessoas, independentemente de seu gênero e, além disso, existem as pessoas que não se atraem afetivamente ou sexualmente por ninguém. Atualmente, a sexualidade pode ser considerada algo muito fluido, para além do homo/hétero/bi.
Colocando em termos práticos, o termo orientação sexual é de grande valia para entendermos melhor para onde nossa sexualidade está orientada? Para onde o meu afeto e desejo está direcionado? Ao mesmo gênero que o meu? Ao gênero oposto? A nenhum gênero específico?
Identidade de gênero
Já as identidades de gênero partem de dois lugares: as cisgêneras e as transgêneras. E aqui, ao falar de gênero, estamos nos referindo aos papéis atribuídos aos chamados homens e mulheres. O clássico, ‘meninos usam azul e meninas usam rosa’, sabe? Cada um em um extremo oposto. Existem pessoas que permanecem no extremo oposto, pessoas que não estão próximas assim, as que ficam no meio e as que circulam por essas extremidades. Esses dois últimos chamamos de pessoas não-binárias. E num futuro próximo, conversaremos sobre elas…
Pra vocês entenderem melhor o que estou tentando explicar ao falar dessas identidades, o prefixo ‘cis-‘ vem do latim e significa ‘do mesmo lado’, o total oposto do prefixo ‘trans-‘, também oriundo do latim, que significa ‘do outro lado’.
Refletir sobre essas etimologias facilita entender o que significa cisgênero e transgênero. Pessoas cisgêneras são aquelas que se identificam e sentem confortáveis ao papel de gênero que lhe foi atribuído no nascimento. Pessoas transgêneras são aquelas que não se identificam com o gênero que lhe foi atribuído no nascimento.
Na prática, eu que já contei que sou homem trans, quis dizer que, quando nasci toda equipe médica informou a minha mãe que ela tinha acabado de dar à luz uma menina. Com o gênero feminino, me foi atribuído, na época, um pacote do que se esperava de uma menina/mulher. Quase 20 anos depois, em uma ligação bem ansiosa, tive que desmentir a informação e contar que ela era mãe de um rapaz. Que o feminino não me cabia e nunca me coube, e não foi uma grande surpresa.
E onde esses pontos se encontram?
Na comunidade! Se pararmos para pensar, orientação sexual e identidade de gênero se encontram em cada um de nós. Contudo, eles pouco se conversam, já que dizem respeito a afeto, quem somos e o papel que exercemos em nossa sociedade. Uma pessoa pode ter qualquer identidade de gênero, sendo ela cis ou trans, masculina, feminina ou outras e isso, certamente, em nada influenciará em sua orientação sexual (hétero/bi/gay/lésbica/outras).
Talvez eu tenha ido longe demais, talvez isso seja muito complicado, mas com calma tenho certeza que vamos nos entender, aprofundar a temática, sem esquecer que estamos falando de pessoas. E que você pode sugerir uma temática!