Um dos membros da WSPA, Ric O´Barry, era ex-treinador de golfinhos e tinha sido o responsável por treinar todos os animais que participaram do seriado Flipper, na tevê norte-americana. Ele ficou encarregado de acompanhar a adaptação de Flipper por um mês no Oceanário, até que fosse preparada a área em Laguna para ele ganhar a liberdade.
Então, no triste janeiro de 1993, lá estávamos nós, salgando de lágrimas ainda mais o tanque que abrigava o nosso herói, bem ali, no quintal de casa. Foi uma operação confusa, que levou mais de duas horas. Flipper dormia, sedado, e nem se deu conta de que encararia uma viagem de helicóptero até as suas águas-natal.
Quando o helicóptero subiu naquela tarde cinza, um misto de tristeza e alegria, despedida e conforto tomou todos nós, preocupados com os boatos de que as chances de o golfinho se readaptar no mar eram pequenas.
Nosso amigo ficou 3 meses em adaptação, em uma área cercada no mar de Laguna, até que em março de 1993 foi solto durante um mega espetáculo televisionado por tevês do mundo todo. Nadou durante um tempo ao lado do treinador e, finalmente, ganhou o mar.
Mas, como era previsto, Flipper não se saiu bem na nova vida e teve dificuldades para se readaptar, foi rejeitado pelos outros golfinhos e começou a migrar de volta para as águas do litoral de São Paulo sozinho. Ele estava o tempo todo sendo monitorado pela equipe da WSPA e finalmente surgiu no mar de Praia Grande, todo machucado, com cicatrizes provavelmente provocadas por ataques de outros membros da espécie.
Nosso amigão foi visto pela última vez em 1995 e, desde então, no Brasil, passou a ser proibido atrações usando golfinhos. Que bom!