O único espetáculo teatral no mundo com sobreviventes da bomba atômica de Hiroshima terá uma sessão gratuita em Guarujá, no Teatro Municipal Procópio Ferreira, dia 10 de fevereiro (sexta) às 20 horas.
Atualização em 31.01.2023
A peça ‘Os três sobreviventes de Hiroshima’ leva ao palco o ponto de vista de quem vivenciou o primeiro ataque nuclear da história e convive com as consequências desta tragédia humanitária, enfatizando a importância da busca pela paz.
Sobre o espetáculo
A apresentação reconstrói a história do jovem Takashi Morita (à época com 21 anos), e das crianças Kunihiko Bonkohara (5) e Junko Watanabe (2), que estavam em Hiroshima em 6 de agosto de 1945, dia em que a bomba denominada Little Boy foi lançada pelos americanos nesta cidade do Japão.
A história é narrada pelos próprios sobreviventes, com Bonkohara e Watanabe em cena e Morita em vídeo e interpretado pelo ator Ricardo Oshiro, no formato de teatro-documental, também conhecido como biodrama. Os sobreviventes detalham o exato momento da explosão nuclear, os dias seguintes e a imigração para o Brasil, onde buscaram melhores oportunidades para suas vidas. Tudo falado em português.
Fotos originais e canções da época executadas pelos próprios imigrantes dão o clima da apresentação, que já acumula mais de 15 mil espectadores em cidades como São Paulo, Curitiba, Rio de Janeiro, Bauru, Presidente Prudente, entre outras.
Sobreviventes pela Paz
Com roteiro e direção de Rogério Nagai, a peça deu origem ao projeto Sobreviventes pela Paz, cuja ideia nasceu em 2012, a partir de pesquisas sobre a comunidade nipo-brasileira e a imigração japonesa no Brasil. O trabalho envolveu um criterioso levantamento durante 12 meses e mais quatro meses para desenvolver o roteiro e a montagem do espetáculo.
“Ainda que o texto trate de uma tragédia, a peça leva uma reflexão sobre a paz por onde passa, com uma mensagem forte de resiliência, perdão e superação. Colocar os sobreviventes em cena é uma maneira que o projeto encontrou para mostrar a importância de propagar e manter a paz, para que acontecimentos como esse nunca mais se repitam”, explica Nagai, que também entra em cena na montagem.
O espetáculo no Guarujá
A sessão em Guarujá é uma realização da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, por meio de projeto contemplado pelo ProAC, e NAGAI Produções Artísticas e Culturais, que, desde 2011, desenvolve projetos artísticos e culturais, promove palestras, seminários e eventos corporativos. O apoio é da Universidade Internacional da Paz (Unipaz ) filial Baixada Santista e Bar Heinz.
A retirada antecipada dos ingressos é feita pela plataforma Sympla e na bilheteria (Av. Dom Pedro I, 350, Jardim Tejereba), no dia da apresentação, 60 minutos antes do início do espetáculo, sujeito a lotação máxima do teatro: 357 lugares, sendo 2 para cadeirantes.
O bombardeio de Hiroshima
No estágio final da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos lançaram uma bomba na cidade de Hiroshima. Três dias depois, em 9 de agosto de 1945, atingiram também Nagasaki. Foram milhares de mortos e feridos, além de sobreviventes que buscaram retomar suas vidas depois da tragédia. Os números oficiais indicam entre 130 e 240 mil mortos como resultado destes que foram os primeiros e únicos ataques nucleares contra civis em toda a história. No Brasil, há cerca de 70 sobreviventes das bombas de Hiroshima e Nagasaki.
Os sobreviventes de Hiroshima
Takashi Morita tem 98 anos, nasceu em Hiroshima em fevereiro de 1924 e fazia parte da Academia Militar, tendo sobrevivido a um bombardeio incendiário em Tóquio, meses antes da bomba nuclear. Fundou a Associação dos Sobreviventes da Bomba Atômica no Brasil, que depois passaria a se chamar Associação Hibakusha Brasil pela Paz, para reivindicar os direitos dos sobreviventes que viviam no Brasil. É autor do livro A última mensagem de Hiroshima, pela Universo dos Livros.
Kunihiko Bonkohara tem 82 anos, nasceu em Shizuoka e estava no escritório do pai no dia do ataque, a 2 quilômetros do epicentro da explosão. Perdeu mãe e irmã nessa tragédia, cresceu com a saúde debilitada e aos 20 anos, veio trabalhar nas lavouras do Paraná. Também faz parte da Associação Hibakusha Brasil pela Paz.
Junko Watanabe tem 80 anos e foi atingida pela chuva negra (chuva radioativa) enquanto brincava com o irmão no pátio de um templo, do fatídico dia. Como só tinha 2 anos, a família escondeu sua condição de sobrevivente de Hiroshima, tendo conhecimento apenas aos 38 anos. Veio para o Brasil com 24 anos, casou-se com um japonês e também atua na Associação Hibakusha Brasil pela Paz.
Ficha técnica
Roteiro e direção: Rogério Nagai
Assistência de direção: Ricardo Oshiro
Elenco: Kunihiko Bonkohara, Junko Watanabe, Ricardo Oshiro e Rogério Nagai
Produção executiva: Camilla Aoki
Operação de luz: Paula da Selva
Design e operação de vídeo-mapping: Alexandre Mercki
Assessoria em mídias sociais: Kyra Piscitell