Com homenagem a Portugal, a sexta edição do MIRADA - Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas, idealizado pelo Sesc São Paulo, acontece em Santos, de 9 a 18 de setembro
Com 36 espetáculos de múltiplas linguagens em teatro, dança, performance e teatro de rua para todas as idades, o festival retoma ao público presencial, com programação na unidade do Sesc Santos e também em teatros, espaços públicos e edifícios históricos da cidade em parceria com a Prefeitura de Santos, além de Cubatão. A maioria dos espetáculos têm ingressos a R$ 30 (meia, R$ 15 e credenciados Sesc, R$ 10).
Serão 10 dias de apresentações, com representantes da Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, Espanha, México, Peru, Portugal, Uruguai e Venezuela, além do Brasil, com artistas de Sergipe, Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo. Há, ainda, atividades formativas, uma instalação interativa na unidade do Sesc e um encontro que reúne programadores e diretores de festivais cênicos internacionais e nacionais.
A sexta edição do MIRADA acontece no mês do bicentenário da Independência do Brasil, tema dos espetáculos vindos da América Latina, de Portugal e da Espanha, que abordam criticamente os sintomas da colonização e os processos migratórios.
Portugal, país homenageado
Com nove peças escaladas na programação, Portugal é o país homenageado desta edição. As obras lusas refletem a diversidade cênica de lá. São montagens críticas às identidades históricas forjadas na esteira do colonialismo: a conquista por meio do genocídio de povos originários seguida do processo colonizador com escravidão africana.
Outros olhares para a cena
Em Hamlet, artistas adolescentes e adultos com Síndrome de Down apropriam-se da tragédia de Shakespeare com irreverência crítica e pegada pop na criação do Teatro La Plaza, companhia do Peru. Na versão da diretora e dramaturga Chela de Ferrari, o protagonista é o coletivo de oito atuantes. Hay que tirar las vacas por el barranco conta com artistas da Venezuela, Espanha e Brasil e mostra a esquizofrenia sob ponto de vista de quem convive com pessoas que têm a doença. A peça, que une os grupos La Caja de Fósforos, La Máquina Teatro e Circuito de Arte Contrajuego, encena cinco relatos de pacientes ou familiares cujas vidas foram enredadas por graves afecções mentais crônicas, mas abre espaço para o humor em meio a aspectos clínicos e de convivência.
Produções brasileiras
Entre as 12 produções brasileiras presentes na atual edição do MIRADA, um projeto inédito envolve o Teatro de Los Andes, de Yotala, na Bolívia, e o Grupo de Teatro Clowns de Shakespeare, de Natal (RN). A estreia mundial de FRONTE[I]RA | FRACAS[S]O teve como ponto de partida trocas efetuadas durante a Ocupação Mirada 2021, dentro da ação Telas Abertas da América Latina. A investigação levanta contrastes e proximidades em aspectos histórico-culturais, sociopolíticos, econômicos e as heranças das relações de disputas territoriais entre os respectivos países.
Instalação
Na área de convivência do Sesc Santos haverá uma instalação concebida por Ricardo Muniz Fernandes, Christine Greiner, Ana Kiffer, Isabel Teixeira, Paulo Henrique Pompermeier e Andrea Caruso Saturnino. O título da experiência é thea²trumcorpusmundi e contém o anagrama de Antonin Artaud (ator, escritor e encenador francês).
Desenhos, cartazes, rabiscos, textos ensaísticos, peças, poemas, filmes, gestos e glossolalias – as falas de línguas desconhecidas – emaranham desmontes em curso nas metades ocidental ou oriental da Terra e sob várias perspectivas de desconstrução do corpo, do teatro e do mundo.
O público visitante percorre um labirinto de visualidades, sensações e sonoridades alusivas a pensamentos, paradigmas e certezas em ruínas. A experiência incentiva a pensar ou repensar sua ação no mundo.